sexta-feira, 2 de setembro de 2011


CANTO

Canto promessas insanas ao vento sem saber onde vão cair.
Canto dores sombrias, almas sem rostos
e sentimentos que nunca senti.
Canto no canto do silêncio de quem não tem voz
infinitas palavras para quem não deseja ouvir.

Canto nos quatro cantos
o canto melancólico dos desgraçados,
as faces dos preconceitos camuflados
e a maldade escondida atrás das máscaras.

Ignoro a todo instante os apelos vãos
de quem clama por minha sensatez
e me rebelo contra a imagem distorcida
que vejo diante do espelho.

Quem sou eu?
Quem são vocês?

Não concordo com o canto de quem se engana
que a destruição do mundo é culpa dos canalhas e corruptos.
Mentira... mentira!

A culpa é da omissão de quem se cega,
da surdez de quem finge não escutar
e da boca covarde que se cala diante da indignação.

Levanto minha voz contra a hipocrisia
e o comodismo dos que me cercam e canto!
Sim... eu me atrevo e canto!

Canto as lágrimas dos inocentes,
a angústia da mãe que reza
e o pai que volta pra casa de mãos vazias.

Canto a fome dos miseráveis,
os pesadelos de quem dorme na impunidade
e os demônios deitados em camas ricas
de uma consciência sem lei.

Eu canto mesmo sem saber cantar
porque a pimenta que arde na sua língua
é a poesia que queima em mim!

Janaína da Cunha
17/05/2011

Um comentário:

  1. Aninha, obriga pelo carinho que sempre me oferece e, principalmente, por todo apoio e valor que vc dá a minha humilde arte.
    Faço de alma para alma... e só uma alma linda como a sua para compreender a essência de meus expurgos em versos.
    Felicidade, luz e muita vida... sempre!
    Beijos doces!!

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